quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Carta de desfiliação do PT.

De: Emerson Torres da Silva
Para: Diretório Municipal do Partido dos Trabalhadores de Duque de CaxiasC/C: Diretório Estadual Do PT-RJ / Diretório Nacional do PT
Assunto: Carta de Desfiliação
Breve Retrospectiva
Nascido em 26 de julho de 1978, no município de Duque de Caxias-RJ, Emerson Torres da Silva, após a perda de sua mãe, vítima de infarto, começou sua militância política em setembro de 1997.Começou participando da reconstrução do movimento estudantil de Duque de Caxias, atuando na União dos Estudantes de Duque de Caxias (UEDC ),sendo delegado no 32º Congresso da UBES ( União Brasileira dos Estudantes Secundaristas) em Juiz de Fora – MG, ainda no mesmo ano. Em maio de 1999, no 1º Congresso da UEDC foi eleito para direção colegiada da entidade, e mais tarde, no 2º Congresso da UEDC em 31/8 e 1/9 de 2000, foi reeleito. A entidade que tinha como principal meta o Passe Livre Municipal ( onde a entidade participou ativamente e encaminhou á Câmara Municipal o projeto original) e a implementação de uma Escola Técnica no município. Participou da elaboração da cartilha “È proibido proibir” – A cartilha dos Grêmios Livres, que foi fruto da parceria entre outras entidades estudantis do estado do Rio de Janeiro com a Comissão de Defesa dos Direitos humanos da Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, que foi publicada em abril de 2002.No movimento sindical, fez parte da RODOCUT, que era o movimento dos rodoviários de Duque de Caxias e Magé, com o apoio da Central Única dos trabalhadores (CUT). Foi eleito em Assembléia, delegado ao 10º CECUT (Congresso Estadual da CUT) e ao 7º CONCUT 7º Congresso Nacional da CUT) realizado em São Paulo, ambos em 1999.No movimento popular, participou da Conferência das cidades em nível Municipal e Estadual e fez parte da Coordenação estadual do MNLM (Movimento Nacional de Luta pela Moradia), responsável pelo setorial de juventude.Na atuação partidária, começou em 1997 como Coordenador de juventude do Partido dos Trabalhadores de Duque de Caxias. Em 2001, foi eleito para o Diretório Municipal do Partido como Secretário Municipal de Juventude, organizando diversos eventos, tais como atos de rua, seminários, palestras, publicações de boletins informativos e debates que aproximaram o partido da sociedade. Em 2000, atuou na coordenação da campanha majoritária (Soneli) e na coordenação de uma proporcional (Zumba). Em 2004, devido ao afastamento de companheiro do partido, assumiu a Secretaria Geral do PT-Caxias, assumindo uma cadeira na Comissão Executiva Municipal.Dentre os diversos eventos, cabe lembrar participação no Fórum Social Mundial, nas edições de 2001 e 2002 em Porto Alegre- RS; O fórum Social Brasileiro, em novembro de 2003 na capital mineira (Belo Horizonte); A marcha dos 100 Mil, em Brasília, em 1999; Seminário do Projeto Juventude , do Instituto Cidadania, em 29 e 30 de janeiro de 2004, no Rio de Janeiro ; Encontro Municipal da Juventude do PT em São Paulo, em 13 de dezembro de 2003; E diversos outros eventos que contribuiu para uma formação política coerente, não se prendendo em teorias utópicas, mais sim, propondo e executando propostas de melhorias para uma sociedade mais justas e igualitária. Pois não basta teorizar, tem que praticar!Toda a trajetória acima descrita seria vazia e superficial , se em 5 de outubro de 2001 não houvesse ocorrido o evento que marcou sua vida fazendo-o rever suas prioridades e o modo de encarar a vida – a paternidade, aos 23 anos.
Conclusão
A Partir desta breve retrospectiva, tomei a iniciativa de avaliar tanto o comportamento do partido, quanto minha militância. Cheguei à conclusão que enquanto passava uma década militando de forma atuante ( em parte, pelo menos), minha vida pessoal, acadêmica e profissional ficava em segundo plano. Percebi ainda, que, da mesma forma que adão e Eva foram corrompidos pelo fruto proibido, o PT também fora corrompido pelo poder, deixando que a ética, o socialismo e outros princípios nobres fossem deletados de nossa memória, nos afastando cada vez mais de nosso paraíso utópico.Aprendi que a classificação de Blocos partidários como sendo de “esquerda” ou de “ direita” em nosso país é bastante precipitada, ou ainda, equivocada, pois na prática, o que divide de fato estas dezenas de legendas partidárias existentes, são apenas duas características bem distintas entre si: Quem está no poder e quem quer estar no poder.É difícil admitir que tanta ideologia revolucionária e teorias socialistas tenham sido ceifadas de nossa estrela e de nossa História.Infelizmente, os valores tão defendidos no passado tornaram-se obsoletos, moldados pela prática corrupta e sentimento de impunidade, vítimas de um sistema, que por pura ironia, tanto combatíamos. Nos tornamos no que mais combatíamos: Uma direita institucional, burguesa e patronal.Por isso, e muito mais, que tornaria essa humilde carta num livro (ou melhor, numa enciclopédia) de desabafo. Venho apresentar minha desfiliação do Partido dos Trabalhadores. Dando fim a uma década de ilusões e sonhos frustrados.
Atenciosamente
EmersonTorres da Silva
Duque de Caxias-RJ, 7 de setembro de 2007
“Da juventude, eu espero sempre alegria, esperança e luta, eu as vezes brinco quando vou aos eventos da juventude, eu digo sempre que não se deixem estatizar, porque alguns podem até se transformar em sinônimos de burocratização, de demagogia eleitoralista, de vigarice política. Mas a juventude Não.” ( Senadora Heloísa Helena, em entrevista para nosso Boletim Informativo nº -5 / dez de 2003. 48 horas antes dela ser expulsa sumariamente pelos mesmos carrascos que tornaram nosso PT no que ele é hoje).

Pena de morte " SIM".

Meu apoio á pena de morte no Brasil se sustenta no fato que o sistema penitenciário brasileiro não cumpre seu papel teórico, de reabilitação de um indivíduo, pelo contrário, é um sistema de pós-graduação do crime. Seu alto custo poderia ser investido em verdadeiros trabalhos socio-educacionais, ou ainda na saúde, na educação. A pena de morte é uma ferramente para que indivíduos hostis á sociedade não tenham a chance de retornar e cometer mais crimes. a pena de morte para uns, seria uma chance de vida para outros. Quantas vidas são perdidas por mãos que foram presas, e receberam a liberdade? quantas mulheres foram estupradas e mortas por indivíduos que passaram anos presos e receberam a liberdade? A pena de morte já existe no brasil, mas as vítimas somos nós, e os executores estão as margens da lei, temos apenas que inverter esses papéis.

Política & Futebol.

Na Primeira reunião do Diretório Municipal do Partido dos Trabalhadores de Duque de Caxias (No qual sou Membro) em 6 de novembro de 2005, após um longo recesso forçado, devido ao processo de intervenção promovido pelo Diretório Estadual, motivado pela participação do PT caxiense no Governo Municipal de Washington Reis (PMDB), me atrevi usar uma camisa com a estampa “FLAPT”, no qual se pode visualizar a abreviação FLA (de Flamengo) e uma estrela do PT, tendo como fundo uma lista rubro negra. Quando questionado sobre a utilização de tal vestimenta, me limitei a dizer que se tratava de uma manifestação silenciosa sobre a dúbia crise que se recaiu sobre o povo brasileiro. Se de um lado, na política, alguns membros do auto escalão petista se apresentaram como verdadeiros “lobos em pele de cordeiros”, manchando o vermelho petista da luta por uma sociedade mais justa e igualitária por um rubro da vergonha. Pessoas que se utilizam do discurso pela ética apenas como um instrumento de ataque enquanto oposição, mas quando chegam ao poder, seus bolsos falam mais alto, abafando a voz da integridade e colocando a legenda petista na zona de rebaixamento, tanto enquanto alternativa política viável quanto legenda legal (já que se cogita a possibilidade de cassação da legenda), por outro, o Flamengo, no esporte, que sempre foi o verdadeiro “ópio do povo”, fazendo com que a população se preocupasse mais com o futebol que com os rumos do país. Ainda na área esportiva, a corrupção pegou ponte aérea de Brasília e fez um pouso forçado nos gramados, nos revelando uma face que mesmo não sendo tão nova assim ( a máfia dos Juizes de Futebol que vendia resultado), mostrou que o povo brasileiro é mais rigoroso em punir um Árbitro de futebol que um Deputado ou qualquer outro detentor de mandato (tanto no legislativo quanto no executivo).Não estou afirmando que o brasileiro não saiba discutir política, muito pelo contrário, já ouvi análises de conjunturas melhor argumentadas em filas de banco que da boca de Vereador, o problema está no momento da indignação. Quero dizer que o brasileiro sabe questionar o poder público, mas na hora que pode mudar a situação (No processo eleitoral) acaba dando mais quatro anos para os mesmos que foram objetos de tantas críticas (lembra da fila do banco?). Em resumo, tanto futebol quanto política enfrentam problemas possíveis de serem resolvidos. Pois assim como um grande time começa pela seleção do técnico, um bom processo político depende de uma seleção rigorosa. É na hora do voto que o brasileiro assume o papel de técnico, escalando apenas aqueles que possuem as melhores qualificações. No lugar de preparo físico e entrosamento no time, o povo precisa avaliar outros adjetivos, assim como a integridade, honestidade, compromisso e responsabilidade na gestão da coisa pública, não se esquecendo de seu histórico (não o histórico médico ou utilização de dópim, mas o seu histórico enquanto figura pública).A verdadeira reforma política não é aquela motivada por grandes interesses de certos grupos que querem apenas garantir força no parlamento, e que em nada contribui para uma política mais ética e transparente, mas sim, aquela nascida do desejo comum de uma população cansada de falsos heróis e arrependida de por tantas vezes ir as urnas movidas por um desejo de mudança, e acaba homologando os maus políticos.Em 2006, teremos uma dupla responsabilidade, torcer para que a Seleção Brasileira conquiste mais uma copa do mundo, comemorando mais uma vitória no esporte e participar do processo eleitoral de forma consciente, exercendo o direito do voto, pois o mesmo que não vota hoje é o que reclama amanhã e é tão prejudicado quanto aquele que vota em troca de favores (quem troca seu voto por um chinelo pode esperar quatro anos de chinelada !).Assim como no esporte, devemos Ter maturidade tanto na hora de escolher nossos representantes (seja em Brasília ou nos gramados) quanto na hora de punirmos aqueles que tiveram uma má atuação ( repito, seja em Brasília ou nos gramados).Não devemos delegar a responsabilidade de uma CPI ( ou CPMI) de julgar os maus políticos, e sim, evitarmos que os mesmos sejam eleitos. Mais forte que Qualquer Comissão Parlamentar de Inquérito é o voto consciente de cada um de nós depositado apenas em quem realmente merece..

Reforma política NÂO!!!

7 razões para o Brasil dizer não à reforma política: 1) Existem no Congresso Nacional reformas de natureza mais urgentes à serem debatidas (previdência, universitária etc.), que atingem diretamente o cidadão brasileiro, e não o bolso dos partidos políticos;2) O eleitor será privado do direito constitucional de eleger de forma direta seus representantes no legislativo. Caberá ao partido político enviar um “listão” para o TRE (Tribunal Regional Eleitoral) contendo os nomes dos candidatos, mas na hora do voto, votaremos apenas na legenda;3) O “listão”de candidatos, aprovado na convenção do partido, servirá como uma “cortina de fumaça” para camuflar “sujeitinhos” indesejáveis por nós eleitores, mas indispensáveis para mover a máquina da corrupção, sendo objeto de acordos nos bastidores;4) Apenas os partidos serão beneficiados com a reforma política, que servirá como um “Kit mordaça”, para prender o parlamentar numa fidelidade partidária unilateral, ou seja, o parlamentar tem que ser fiel ao partido, mas o partido não tem a mesma obrigação para com o parlamentar. Esta medida serve apenas para assegurar que o partido se mantenha estável, eliminando a famosa “dança das cadeiras”, tão tradicional após um pleito eleitoral, evitando que o partido perca receita (dinheiro), cadeiras no parlamento (voto) e tempo de TV (horário gratúito);5) Para mim, como cidadão, a troca de legenda é um direito (O divórcio só ocorre quando o casamento já não está dando certo.), pois a integridade, a honestidade e a transparência do parlamentar não depende do partido que esteja filiado (poucos partidos investem na qualificação de seus candidatos), depende da pessoa física, do parlamentar, apenas quero que meu candidato seja tão íntegro no partido X quanto no partido Y;6) A reforma política prevê uma gradual extinção de alguns partidos que não alcançarem uma cota mínima de parlamentares eleitos, nos levando numa velocidade alta, e sem freios, á um retrocesso histórico que nos levará primeiro à uma enfatização da atual oligarquia partidária (menos partidos comandarão a política nacional), e depois, possivelmente, ao bipartidarismo (Arena e MDB, lembra?), levando os partidos excluídos para a clandestinidade. Ë um cenário de ditadura;7) O financiamento público das campanhas eleitorais, além de tirar dinheiro oriundo de nossos impostos para patrocinar o “carnaval eleitoral”, não garante que os candidatos evitem apoios que lhe “prenderão o rabo” à empresários, mafiosos, crime organizado etc. Apenas torna o Estado numa espécie de “cartola eleitoral”.Agora, com estes sete itens já na ponta da língua, imagine um país onde não temos o direito de eleger-mos diretamente nossos representantes, os partidos escolhem em nosso lugar, e com certeza nos apresentando surpresas desagradáveis. Pare de imaginar! Isto pode acontecer se a reforma política for realizada. A única coisa que deveria ser mudada na estratégia eleitoral, é a extinção da obrigatoriedade do voto (votar é um direito, não é obrigação!), esta medida sim, faria com que o candidato buscasse mais qualificação para si e sua imagem valeria tanto quanto os votos depositados nele voluntariamente.A mesma estratégia usada para apagar anos de conquistas eleitorais, será em breve usada contra os trabalhadores, pois hoje é um Deputado que não será nosso funcionário, e sim um fantoche do próprio partido, e amanhã serão nossos direitos trabalhistas que escoarão pelo ralo da História (através da reforma trabalhista.).Qual será o próximo retrocesso que nos será imposto? TV preto e branco? Cinto de castidade? Censura? Mulher sem o direito de votar? Escravidão?......Só vendo os próximos capítulos do “não vale apena ver de novo.(Emerson Torres - ex militante petista por uma década)